Conheça: Catedral São Francisco das Chagas de Taubaté
História:
A Catedral de Taubaté: Da Capela à Imponente Igreja Atual
A atual catedral de Taubaté já foi a antiga igreja matriz da cidade. O que começou como uma pequena capela transformou-se, ao longo dos séculos, na imponente igreja que conhecemos hoje. Sua construção passou por diversas reformas, que modificaram profundamente tanto sua fachada quanto seu interior.
Erguida por volta de 1645, a igreja original correspondia ao que hoje é a Capela do Santíssimo Sacramento, localizada à direita da nave principal. Com o passar do tempo, percebeu-se que a capela era pequena demais para acomodar a população crescente. Assim, decidiu-se pela construção de uma nova nave, perpendicular à antiga capela, ampliando significativamente o espaço.
Em 1800, a igreja foi expandida para as proporções que mantém até hoje, recebendo sua primeira fachada, de estilo barroco, simples e com poucos ornamentos. Já por volta da virada do século XX, a fachada foi reformada e ganhou um visual mais elaborado, seguindo o estilo eclético, com influências de diferentes correntes arquitetônicas. Por fim, em 1940, a igreja passou por uma nova reforma, que lhe conferiu o estilo atual.
fonte: Site Catedral
Primeira Fachada:
A nova estrutura, erguida por volta de 1800, seguia o típico estilo colonial brasileiro. Suas linhas eram sóbrias, mas já apresentavam formas e proporções que permanecem até os dias de hoje.
A fachada era marcada por um frontão triangular, onde se destacava uma janela circular e o que parece ser o símbolo franciscano clássico: a cruz com os braços de Cristo e de São Francisco se cruzando. As duas torres laterais eram coroadas por cúpulas, cercadas por ornamentos semelhantes a pequenos obeliscos — um desenho que, com algumas modificações, ainda está presente na estrutura atual. A principal diferença é que, hoje, as cúpulas são revestidas com azulejos.
Observam-se ainda cinco janelas na fachada: três centrais, provavelmente voltadas para o coro da nave principal, e duas nas extremidades, que possivelmente correspondiam a janelas de corredores superiores que davam acesso às torres.
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Pensando em trazer mais próximo dos nossos dias, solicitei ao Gemini do Google que colorisse a foto de modo a nos ajudar a ver como provavelmente era a Igreja Matriz de Taubaté nos anos de 1865 |
Segunda Fachada e Interior:
Na ocasião em que o Papa Pio X instituiu a Diocese de Taubaté, em 7 de junho de 1908, a antiga igreja matriz foi elevada à condição de catedral. Seu primeiro bispo foi Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, figura tão importante para a cidade que hoje dá nome à praça onde a catedral está localizada.
Por volta das primeiras décadas do século XX, a igreja passou por uma significativa reforma, com atenção especial à sua fachada.
O antigo frontão triangular deu lugar a uma estrutura mais ornamentada, com colunas, arabescos, um nicho com a imagem de São Francisco das Chagas e um relógio circular. Os contornos das quinas da igreja, que já existiam, foram mantidos e passaram a ser mais trabalhados. Onde antes havia superfícies lisas, foram aplicados novos elementos decorativos em alto-relevo, enriquecendo ainda mais a fachada.
As portas e janelas coloniais foram substituídas por aberturas em arco ogival, típicas da arquitetura gótica, marcando a transição do antigo templo colonial para um edifício mais requintado e eclético — estilo que mescla influências de diferentes correntes arquitetônicas.
A Catedral de Taubaté acompanhou, ao longo do tempo, as transformações do espaço urbano: de pequeno assentamento a vila colonial, de polo cafeeiro a cidade industrial, acadêmica e empresarial. Sua arquitetura reflete não apenas a fé, mas também a história e a identidade da cidade, que se me permitem a crítica, tem um costume de se destruir para reconstruir o tempo inteiro, fato esse que faz uma cidade mais antiga que Ouro Preto, Tiradentes e Mariana (sendo ela o nucleo irradiador que as fundou inclusive) não ter quase nenhuma obra que remeta a seu passado. Existe uma mentalidade muito forte do progresso pela substituição do antigo.
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Altar lateral com a imagem de Nossa Senhora de Pompéia, que existe até hoje na catedral. Note as marcar amarelas, provavelmente indicação de que os adornos seriam martelados a ouro. |
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E é claro que essa foto mereceu também uma modernizada por IA, mesmo perdendo os detalhes da original, é emocionante ver o que nós perdemos em termos de centro histórico |
Terceira fachada:
Com a intenção de tornar a catedral mais ampla, uma nova reforma foi iniciada na década de 1940, sob a liderança do então bispo Dom Francisco Borja do Amaral. O principal objetivo era aumentar a capacidade interna da igreja, o que levou à remoção dos corredores laterais, típicos das igrejas coloniais, e à unificação das paredes internas e externas.
Essa intervenção resultou na perda total do estilo eclético anterior. A fachada foi redesenhada, ganhando uma tribuna acima da porta principal e adotando o estilo neocolonial — uma releitura do colonial brasileiro, aplicada fora de seu tempo original. Apesar dos apesares, a nova catedral apresenta um equilíbrio estético agradável, com sobriedade nos ornamentos e valorização dos materiais utilizados.
Entre os novos elementos, destacam-se os vitrais encomendados da Casa Conrado, de São Paulo, e as pinturas nas paredes e no teto, que retratam cenas como a Anunciação, o Nascimento de Jesus, a Crucificação e a Ressurreição.
As imagens sacras foram mantidas e receberam novos nichos. Do lado direito, permanecem altares laterais em estilo tridentino, feitos em mármore. Já do lado esquerdo, foram instalados altares no estilo do Novus Ordo, algo incomum, já que o rito moderno geralmente não prevê altares laterais.
Do edifício original, restaram apenas as cúpulas das torres e parte da talha do altar-mor. O relógio da fachada também foi preservado, embora seu mostrador redondo tenha sido substituído por um de azulejos, em harmonia com o revestimento aplicado nas cúpulas.
O grande mérito dessa reforma foi dobrar a capacidade da igreja sem a necessidade de construir um novo templo. Como mencionado anteriormente, as igrejas coloniais possuíam corredores laterais que corriam por trás dos altares. Com a remoção desses espaços, foi possível ampliar a nave e o presbitério, adaptando a catedral às novas demandas da cidade em crescimento.
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A reforma modificou o estilo arquitetônico externo e interno para o estilo neocolonial. Na foto é possível notar as novas janelas, porém a porta principal ainda era a antiga com o arco gótico. |
Igreja Hoje:
Após tantas reformas ao longo dos séculos, a catedral de Taubaté continuou passando por modificações também no século XXI. Entre as mudanças mais visíveis, destaca-se a pintura da fachada, que abandonou o tradicional branco e passou a exibir um tom amarelo intenso. Também foi instalada uma rampa de acesso na porta principal, promovendo maior acessibilidade, e a parte externa recebeu revestimento em pedras de Iracema. No interior, os adornos em estuque, antes pintados em um tom rosado, passaram a ser cobertos com tinta dourada, conferindo um aspecto mais reluzente ao espaço.
A partir da década de 2020, diversas ações de manutenção e revitalização foram implementadas. A fachada voltou a ter o branco como cor principal, e passou a contar com iluminação artística noturna, valorizando seus contornos e detalhes arquitetônicos. No interior, também foram instaladas luzes cênicas, que destacam as pinturas e os ornamentos, proporcionando uma nova experiência visual aos visitantes, aliado ainda ao salão dos papas, antigo salão paroquial, que recebeu novos desenhos arquitetônicos de muito bom gosto.
As salas de catequese passaram por reformas profundas e foram transformadas em ambientes temáticos, cada uma representando passagens específicas da Bíblia, tornando o espaço mais didático e acolhedor. Além disso, a entrada posterior da catedral também recebeu melhorias: foi construído um novo frontão, alinhado ao estilo arquitetônico do templo, com nichos para imagens sacras e uma nova cobertura, integrando funcionalidade e estética.
Externa em 2015:
Externa em 2025:
Interna em 2015:
Interior em 2025:
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Novo salão dos papas |
O Órgão de Tubos da Catedral de Taubaté
Não estamos falando de qualquer instrumento, mas sim do maior órgão de tubos do Vale do Paraíba. Inaugurado em 1963, o órgão é de fabricação nacional, produzido em Novo Hamburgo (RS) pela renomada empresa J. Edmundo Bohn, uma das mais importantes do ramo no Brasil. Este foi, inclusive, um dos últimos órgãos de tubos fabricados pela empresa.
O instrumento impressiona: são 1.700 tubos, que podem ser ativados ou desativados por meio de registros, permitindo uma ampla variedade de combinações sonoras. O órgão possui dois teclados manuais e uma pedaleira, que funciona como um teclado tocado com os pés.
Um detalhe curioso é que, embora os tubos estejam localizados no coro da igreja, o órgão passou por uma reforma em 1994, realizada pela empresa Rigatto & Filhos, que instalou uma segunda consola (o local onde o músico toca), posicionada próxima ao altar. Essa consola comanda remotamente o sistema no coro, permitindo que o som continue saindo dos tubos originais.
O instrumento permaneceu em silêncio por anos, até que, por volta de 2018, voltou a ser utilizado sob a gestão do pároco Pe. Roger Matheus. Desde então, há planos avançados para sua restauração completa, o que promete devolver à catedral não apenas um patrimônio musical, mas também um símbolo de sua grandiosidade litúrgica e cultural.
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